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quarta-feira, agosto 15, 2007

O tempo e o vento

Lembro-me dos meus 10 anos de vida!

Passaram-se pouco mais de três décadas, mas parece que foi ontem. Ainda lembro-me da turma da 4a série, do recreio, da fantasmagórica e nova "loira do banheiro", das aulas de educação moral e cívica. Das brincadeiras de rua onde não se esquentava com nada. Não havia internet, emails, blogs, não havia essas grades que nos aprisionam cada vez mais, nem o trânsito, nem corrupção instituicionalizada (embora os militares sugaram os cofres). Eu nem pensava no futuro, vivia o presente, o agora. Amigos, na infância dourada, pobre, mas feliz. Eu não queria um video-game última geração, só queria que a minha magrela (bicicleta) continuasse a levar-me até o bairro do lado, onde as ruas tinham asfalto.

O vento do tempo levou a minha infância, a adolescência e trouxe a responsável e às vezes chata fase adulta.

Se os primeiros 40 anos passaram feito relâmpago, as próximas décadas chegarão mais rápido ainda, porque a impressão é que o tempo está mais acelerado, o dia é menor e a noite voa.

Meus cãs chegaram e se instalaram e progressivamente tomam o meu couro cabeludo. Sinal de que a vida já dobrou o cabo da esperança. Já cheguei no ápice e agora, desço a ladeira para o encontro inevitável e indesejável com o único momento certo que temos na vida.

O que estou fazendo com o tempo que irá voar? O que estou fazendo em nome de minha felicidade? Lembro-me que quando criança eu me preocupava mais comigo e menos com os outros. Mas, hoje, o que estou fazendo de minha vida, sabendo de antemão que ela passará tão rápido como o que já passou?

Voamos embalados pelo vento do relógio, onde cada tic-tac fica mais perto do próximo.

Posso aproveitar e mudar algumas coisas, mas quantas não estou fatalmente enraizado ao ponto de não realizá-las? E aquelas pessoas à nossa volta que irão-se? O que estamos fazendo por elas? O que vamos viver e presenciar ainda juntos?

Interessante como que a infância ensina mais que livros de auto-ajuda, demonstrando para nós que éramos o que hoje almejamos ser: originais e aproveitadores da vida.

O vento virá e tornará poeira situações, pessoas, empresas, épocas e tudo mais em quimera, em poeira, naquilo que sempre foi: efeméridas.

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