Desde criança nossa mente vai se acostumando com uma realidade formidável: a existência de uma fortaleza e que nós estamos inseridos nela, protegidos e harmonicamente vivendo.
Chega a ser tão concreta esta muralha à nossa volta que acreditamos que ela sempre existiu e infinitamente existirá. Muitos sentem-se tão à vontade que acreditam que jamais estarão fora deste cerco protetor, ou até mesmo esquecem da existência dela, embora sinta-a sempre presente.
Vivemos numa vida ilusória que faz com que esqueçamos da valorosa fortaleza, que nos cercou de cuidados por anos a fio, inclusive quando adultos nos tornamos.
Estou referindo-me aos nossos pais, verdadeiras barreiras protetoras que amorosamente dão-nos a sensação de que o mundo não é tão cruel.
Quantas não são as vezes que eles nos tira de perigos e enrascadas que nós mesmos criamos?
Vivemos aprontando e a fortaleza nos permite e vigia para que continuemos a ser o que somos.
Entretanto, o tempo é célere e resgata as coisas para o lugar de origem. Tirando-nos pouco a pouco a fortaleza e quando percebemos não mais a temos.
Quando isso acontece, sentimos a dura realidade de estar sem a divina proteção. Também percebemos que nós quem nos tornamos a fortaleza para outras gerações e a vida segue.
A constante segurança que fez com que nossos passos tornassem firmes deixam de existir e a sensação é de que estamos desprotegidos, sem chão e sem mais aquele abraço envolvente, caloroso, amoroso e acolhedor.
Quantos não são as pessoas que por falta desta fortaleza tornaram-se pessoas insensíveis, frias e desumanas? Quantos não precisam se recordar que foram pequenos, frágeis e precisaram das constantes intervenções dos pais e hoje, por sentirem-se donos do mundo, usam da força e poder para oprimir irmãos seus?
Só somos fortes porque tivemos os alicerces e os muros de nossos pais à nossa volta.
"Você culpa seus pais por tudo.
E isso é absurdo.
São crianças como você.
O que você vai ser, quando você crescer? "
(Legião Urbana - Pais e filhos)