Tive uma noite atormentada, povoada por demônios, seres infernais que com seus tridentes espetavam-me até tingir minhas lágrimas de sangue e derribar meus últimos esforços em manter-me longe de minha própria consciência.
Assim é a consciência de uma pessoa devedora perante às Leis Divinas: envolta em seu próprio inferno particular, criado pela dor da consciência, pelo remorso, pela culpabilidade, pelo arrependimento, mas que nada mais possa fazer para desfazer seus próprios erros e desatinos.
Um desafio diário é lidar com isso tudo procurando o aprendizado, tirando das lições penosas a Luz.
Bendito foi Deus que nos proveu de consciência própria, despida de parcialidades e exímia juiza.
Ao final da noite, quando o dia clareava, pude ler o trecho abaixo, contido no livro O Céu e o Inferno - Allan Kardec:
"Assim, pode o homem, a despeito da sua criminalidade, possuir um progresso interno e elevar-se acima da espessa atmosfera das baixas camadas, isto pelas faculdades intelectuais sutilizadas, embora tivesse, sob o jugo das paixões, procedido como um bruto.
A ausência de ponderação, o desequilíbrio entre o progresso moral e o intelectual, produzem essas tão freqüentes anomalias nas épocas de materialismo e transição.
A luz que tortura o Espírito é, portanto e precisamente, o raio espiritual inundando de claridades os secretos recessos do seu orgulho e descobrindo-lhe a inanidade do seu fragmentário ser.
Aí estão os primeiros sintomas, as primeiras angústias da agonia espiritual, e que prenunciam a dissolução dos elementos intelectuais e materiais componentes da primitiva dualidade humana, e que devem desaparecer na unidade grandiosa do ser acabado. "
Jean Reynaud.
Nem chifres e nem caudas são mais assustadores do que as próprias reminiscências doentias...
Perdão meu Deus!
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