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segunda-feira, maio 21, 2007

Navalha na carne

Uma vez mais veremos a mesma cena:
Uma pizzaria onde senhores e excelências comemorarão a impunidade. Nada de inquéritos criminais que cheguem até o fim.

Mais um esquema de fraude a licitações e obras públicas que ninguém viu e ninguém sabe. Comissões de ética que levam até às pizzas.

Mas, a tal "Operação" que tenta desbaratar as baratas (seres asquerosos), me lembrou um instrumento que é uma arma branca, usada em várias ocasiões da história, a Navalha.

A navalha é uma arma carregada de simbolismo, tendo sido usada por mafiosos italianos até meados do século XX, e ainda se mantendo presente em certas regiões de grandes cidades com presença da máfia italiana.

Máfia italiana leva-nos à máfia dos trópicos e à malandragem. Aliás parece estar em nossa cultura a raiz deste mal: a malandragem impune.

O malandro condensa em suas características o contexto social do Rio de Janeiro de fins do século XIX e início do século XX. O malandro era um desocupado que vivia de bicos ou serviços de "proteção" para prostitutas ou moradores e comerciantes de determinada região. Ia dormir já com o sol, acordava ao meio-dia e saía para a rua. Carregava sempre consigo o chapéu e a navalha. Os malandros faziam parte de organizações do submundo urbano. O malandro nunca usava arma de fogo, só navalha, que sempre carregava no bolso fundo de sua calça branca larga e de boca estreita, junto com o dinheiro, baralho de cartas marcadas e fumo. O paletó do malandro deveria estar sempre aberto. Compunham ainda o figurino a camisa e o lenço de seda que, segundo a lenda, cegava o fio da navalha e a botina de bico fino. O jeito de capoeirista fica evidente no gingado do andar, que permite rapidamente a posição de combate. Além da seda, o chapéu na mão esquerda também servia como defesa nas lutas.

Enfim, hoje vemos malandros paramentados igualmente ao boemio dos séculos anteriores. Terno, gravata, ginga e a navalha para explorar e viver de bicos e favores, marmotagens e outras contravenções. Impunidade é o toque especial que diferencia este malandro do século XXI.

Um excelentíssimo deputado nos deu um conselho sábio : "o povo precisa colocar tranca nas portas..."

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