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segunda-feira, maio 26, 2008

Clair de Lune


Ainda que ela estivesse despedaçada, brilhava intensamente.
Ainda que fossem poucas as horas, a sua exposição era maravilhosa.
Ainda que a noite quisesse encobrir com as trevas, sua luz abrilhantava.
Ainda que ninguém olhasse para ela, sua claridade suavizava a paisagem.
Ainda que o viajante dependesse de seus olhos, tinha uma lanterna natural.
Ainda que sua luz não é produzida, ela reflete com majestade seu clarão.

Lua, quase cheia quase minguante, enfeitou o céu de outono.
Foi percebida pelos mais atentos, mais saudosos ou mais sensíveis.
Fez-me lembrar a música "Clair de Lune" de Claude Debussy, cuja harmonia representa com maestria os mágicos fascínios da Lua.

O mar, as matas, as campinas, as montanhas, as lagoas, os rios e toda a natureza refletiram seu prateado brilho.
Compuseram a tocada divina através da presença da Senhora da noite: A Lua.

terça-feira, maio 13, 2008

120 anos depois...

Constatações sobre o Brasil pós-abolição, após 120 anos:
- Somente quando completar 152 anos (em 2040) é que os salários dos negros se igualarão ao dos brancos (segundo o IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Os negros continuam tendo uma diferença desvantajosa em termos de condições de trabalho e de rendimentos. Segundo a Agência Brasil, a avaliação é do diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Segundo ele, em média, os negros têm um rendimento de 50% a 70% inferior ao dos demais trabalhadores, na mesma ocupação.
- Das senzalas para as favelas foi o primeiro caminho dos negros recém libertos. "(...)a liberdade propiciada pela lei não veio acompanhada de condições de assistência e de terras para que os negros recém-libertos pudessem garantir seu sustento e de suas famílias. Atualmente, segundo dados da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), estão em processo de reconhecimento mais de 3,5 mil comunidades quilombolas, com um total de 1,7 milhão de negros ainda sem condições de moradia". (Fonte: G1 Site). Sem chance alguma de melhoria de vida, provocando ainda mais o preconceito racial que perdura até hoje.
- A mão de obra escrava ainda existe no Brasil, em pleno século XXI. "Os procedimentos da escravização moderna não devem nada ao acaso: são metodicamentepadronizados de Alagoas a Mato Grosso, do Rio de Janeiro ao Pará, da Bahia a Rondônia, doMaranhão e Piauí ao Tocantins e Goiás, a ponto que se pode falar em sistema da escravidãomoderna. Na ponta da linha, temos uma população vulnerável, sem acesso à educação, à terra, aoportunidades de trabalho; no seu caminho, vários intermediários, agenciadores ou gatos,transportadores, donos de pensão, corroborando a ilusão de uma promessa mirabolante, passandopara frente uma dívida que só começará a ser cobrada lá no mato, na outra ponta da linha,principalmente neste arco do desmatamento onde ocorrem em torno de 80% dos casos desvendados:Maranhão, Tocantins, Pará, Mato Grosso." (fonte: Fórum da Amazônia Oriental)
- Levantamento feito pelo Ipea aponta que, em 2008, a população negra é maioria no Brasil. Apesar disso, a desigualdade no acesso a bens, serviços e direitos fundamentais continua. Em 1976, os brancos representavam 57,2% da população; os negros e pardos, 40,1% e os amarelos e índios, menos de 3%. Trinta anos depois, o número de brancos caiu para 49,7%. O de negros passou para 49,5%. O de amarelos e índios caiu para menos de 1%. As projeções demográficas indicam que, até o fim de 2008, os negros e pardos serão maioria entre a população.
- Aleijadinho, Ademar Ferreira da Silva, João do Pulo, Pelé, Pixinguinha, Cartola, Milton Nascimento, Machado de Assis, Cruz e Sousa, Chiquinha Gonzaga, Lima Barreto, entre muitos outros negros contribuíram e contribuirão para que este gigante pela própria natureza tenha cultura riquíssima.
Infelizmente não se dá o devido valor aos negros.

quinta-feira, maio 08, 2008

Onde está o Estro da MPB?

Saudosos somos dos compositores da MPB (música popular brasileira) que já se foram. Cazuza faz falta, Renato Russo também e outros que se foram. Sentimos falta daquelas músicas com letras inteligentes, mas e o que aconteceu com os outros ótimos compositores que ainda estão bem vivos?Milton Nascimento, Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan, Flávio Venturini, Beto Guedes, Ivan Lins, Gilberto Gil, Rita Lee, Toquinho, João Bosco e outros tantos estão bem vivos, mas e suas novas composições?

O que eles andam fazendo? Pararam de compor por qual razão?

Encheram-se de dinheiro e com isso livraram-se dos contratos com gravadoras que os obrigavam a produzir em intervalos regulares?

Acabou a inspiração porque atingiram idades que o cérebro e o corpo já não dão mais conta de criarem?
Enfadaram-se do glamour, fama e holofotes?

Gastaram todo o potencial criador, como se isso fosse um estoque limitado?

Onde estão aquelas músicas novas para sobrepor essa enxurrada de baboseira sem rima que vemos em alguns gêneros musicais (se podemos dizer que sejam músicas) que vendem e pululam por aí?

Estou me cansando de ouvir as mesmas "velhas" músicas, meus CDs já estão gastos...
Salvando um pouco essa situação temos aí Lenine, Jorge Vercilo e algumas novas brilhantes mentes, mas é uma guerra injusta.

Parece que temos agora a MPB (música pobre brasileira), pobre de compositores.

Saiam do baú "velhos" compositores e tragam de volta a alma poética que vocês sempre tiveram.

Não vale regravações e versões acústicas das mesmas e velhas músicas.
ESTRO - do Lat. oeustru
s. m., imaginação criadora;entusiasmo artístico;veia poética;

terça-feira, maio 06, 2008

Lusco-fusco na mata

Ao pôr do sol, miríades de pássaros esvoaçavam, pipiando, piando, chamando, tristes uns, alegres outros, saudosos outros, numa atoarda sem fim nem harmonia; variavam em cor, em tamanho, em cantorias.

Assim como, em oferta policrômica de extasiar, se apresentavam as borboletas, ligeiras umas, pesadas outras, leves e diáfanas ainda outras, tudo numa promiscuidade de sonho, de luzes e sombras, de despedida e languor, como se aquela fosse a última tarde do mundo, o derradeiro respiro de todas as vidas, o máximo anseio da fauna em geral.

Animais bravios de quando em quando uivavam ao longe, enquanto preás e outros roedores, como se fossem projéteis vivos, ziguezagueavam de um lado para outro, esgueirando-se alguns pelas frestas da pedraria, a olhar com olhares assustadiços e travessos, para fazerem das ervinhas tenras o manjar apetitoso, ervinhas que nasciam por entre os sulcos da rocha, bem ao rés da montanha, onde o aguaceiro se desfazia em espumarada nos bordos da correnteza.

Por entre touceiras espiavam coelhos do mato, e ouriços pardos e feios também vinham apreciar a festa da bicharada, em despedida do dia.

O crepúsculo vinha se acentuando, e enquanto o passaredo ia caindo em silêncio, os animais da noite vinham de tomar a dianteira nos ruídos em geral. Era quando a quietude inundava por um pouco o ambiente pujante da selva virgem.
Lusco-fusco - momento de transição entre o dia e a noite e entre a noite e o dia, ou seja o crepúsculo vespertino e o crepúsculo matutino. Meia claridade. Derivado de dois adjetivos latinos: luscus = que vê só de um olho, vesgo, que enxerga mal. + fuscus = fosco, escuro, pardo, gado de cor esfumaçada.
(do livro: O médium de transporte - Osvaldo Polidoro)

O sumiço

Meus caros leitores,


Estive afastado do mundo interligado por vários dias. Motivo: Hérnia no disco entre as vértebras cervicais C5 E C6. Causas: início da velhice, falta de exercícios físicos regulares, sobrepeso, trabalhar o dia todo sentado e viajar sentado todos os dias em um trajeto de 2 horas.


Resultado: dor de cotovelo. Dor que irradia das costas e vai até o cotovelo direito, impedindo que eu me concentre para qualquer coisa que eu faça, causando-me certa irritabilidade quase senil.


O mais importante: tive tempo para olhar para meus próprios problemas físicos, mentais e afetivos, mesmo com a irritabilidade.


Espero que este obstáculo em minha saúde física possa ser solucionado da melhor forma possível porque estou cansado deste perfume "gelol", além das noites quase insones.










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