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quarta-feira, outubro 17, 2007

Ficção realista e Verdade fictícia

À baila está a polêmica surgida a partir do filme, em cartaz, Tropa de Elite do cineasta José Padilha: a violência e o crime organizado existem porque existem a corrupção e hipocrisia na sociedade brasileira e suas instituições formais e formadas? Ou a hipocrisia e a corrupção é fruto da tentativa egoísta de defesa da sociedade frente à violência e ao crime organizado?


Efetivamente que as duas pontas se alimentam e se destroem simultânea e continuamente. A droga sai das mãos dos traficantes para a sociedade consumir e a grana que é movimentada geram disputas violentas pelo controle do poder paralelo. O poder paralelo para proteger seu negócio milionário rouba, mata, guerreia, corrompe e implanta o medo.


Hipocritamente jogam um pano para abafar o que a própria sociedade produz, a violência e compram-se carros blindados, imóveis em condomínios que mais parecem um forte militar, seguranças, alarmes, grades, seguros de vida e roubo e torcem para que matem todos os bandidos. Os mesmos bandidos que a sociedade compra as drogas para as festinhas agitadas.


O filme cutuca uma ferida aberta na sociedade e causa a polêmica. Polícia é violenta e corruptível? Sociedade é falsa? Bandido é assim porque só lhe deram essa opção?


Há dois lados da moeda: a polícia não é nem violenta e corruptível assim, são só alguns policiais (talvez muitos, mas não todos). A sociedade também produz combate ao que ela mesma consome. E tem bandido que é assim porque é uma alma fraca e imperfeita, maldosa e que tem prazer de ser violento.


A pobreza de uma nação deveria ser medida pela forma com que ela trata seus problemas. Quanto mais encobrisse seus problemas e fingisse que a culpa é sempre do outro, maior seria a sua pobreza.


O filme Tropa de Elite é o outro lado da mesma moeda da violência urbana, só que focando a vida dos policiais. A outra face é o filme Cidade de Deus dirigido por Fernando Meirelles que retrata a mesma violência, o mesmo cosmo urbano, só que sob o ângulo das facções criminosas.


Infelizmente, com os dois filmes, parece que a violência extremada e a corrupção só existem na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro. Justiça seja feita: as outras grandes cidades também vivem o mesmo drama.


E a outra realidade no "país das maravilhas" do planalto que mais parece um filme: corrupção gera conchavo que gera alianças que geram sujeira que gera compadres que gera rombos que geram pobreza que gera a sensação que o crime perfeito é o do colarinho branco. Essa sensação causa desmoronamento no que é correto e o que é lícito, no que é bandido e no que é mocinho.

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