Interessante como as coisas novas nos motiva, nos impulsiona. Queremos aventurar-nos numa situação nova, num terreno novo, numa relação nova, num emprego novo, num curso novo, num novo livro. Queremos desbravar, arriscar, mudar e consquistar.
Quantas coisas não almejamos, desejamos e realizamos quando as coisas são novíssimas em folha? Um carro novo é lavado e polido a todo momento. Queremos dormir ao lado de um presente novo. Queremos o tempo todo estar ao lado da pessoa recém conquistada.
Se as coisas duram mais do que este período da novidade, do glamour e do inédito, passa para o rótulo daquilo que nos acostumamos. Acostumamo-nos ao carro, à moto, ao brinquedo, à relação amorosa, ao emprego, à morada.
Passado mais tempo, pode-se cair na outra etapa: a rotina. Dirigimos o mesmo carro, vamos ao trabalho de anos, namoramos a mesma pessoa, nos acostumamos com aquela pessoa com quem nos casamos. Perdemos o empenho, a paciência, a tolerância, a valorização. Qual foi a última vez que você passou a tarde toda do sábado dando aquele trato no carro? Muda-se de hábitos e deixa que o pessoal do lava-rápido faça aquilo que você não deixava que ninguém fizesse: colocasse as mão sobre algo seu.
E aquela relação que de tantos anos já não lhe dá a mesma vontade? Será que o comodismo barrou o romantismo uma vez que o casal é ainda formado pelas mesmas pessoas?
O ser humano tem péssimas práticas: se satisfaz rapidamente com algo, descarta coisas velhas como se tudo fosse "plástico-vidro-metal" e se acomoda rapidamente.
O emprego torna-se uma fonte de desgosto. Mesmo que tenha um p... salário, que tenha excelentes benefícios. Aquela gata continua gata, mas o carinha já se enjoou.
Acomoda-se numa relação e nada mais se faz por ela. Não se pulsa a alegria de antes.
E estes comodimos incomodam. Matam aos poucos. Deterioram lentamente.
Será que uma cêra e uma bela lavada não devolveria o bom e velho carro, brinquedo, relação ou emprego de volta à vida cheia de vida?
A felicidade é encontrada em tudo que existe dentro de nós. Fora de nossa superfície somente estão ícones que transformamos ou em luxo ou em lixo.
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