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segunda-feira, outubro 01, 2007

O prazo

Deus é sábio em tudo que faz, executa, cria, destrói, modifica e pensa. Isto é inegável e não está em questão neste post.

Já pensou se soubéssemos a data provável de nossa inexorável "passagem" para o além? Não teríamos estrutura mental para suportar o nosso "prazo de validade" vencendo. E, embora saibamos de antemão que um dia "iremos", não pensamos sobre isso, mesmo porque é melhor nem pensar sobre isso.

Essa reflexão veio-me à tona recentemente, após receber a notícia da empresa em que trabalho de que até determinada data estarei trabalhando aqui, para depois "buscar novos desafios". Vão terceirizar ou até mesmo quarteirizar a área de TI que trabalho e convidarão a minha pessoa a se retirar (o famoso pé na bunda).

Sabendo de uma notícia que afetará, certamente, o meu futuro, às vezes vem uma certa angústia, um certo sentimento de insegurança e a certeza de que nada é para sempre no mundo material. Uma sensação terrível apossa-me, vez em quando, de que acabarão as coisas que construí sobre e na minha carreira.

Mas voltando à comparação deste episódio de minha vida com a decisão sábia de Deus em nada nos revelar sobre o dia que partiremos daqui para "melhor".

As pessoas, principalmente as despreparadas, materializadas e avessas à crença de vida pós-morte, iriam enlouquecer e passar a fazer coisas fora do comum. Estrapolariam, fugiriam das realidades. Quantos absurdos não aconteceriam?

Mas, e as pessoas mais preparadas para aceitar tal notícia? As mais espiritualizadas? Fanatizariam-se? Passariam enclausuradas nos mosteiros, nas capelas, nos espaços religiosos?

A reflexão final, já que Deus não vai divulgar tal data, é que devemos viver os segundos intensamente, mas isso parece um bordão de livro de auto-ajuda, não? O que é viver intensamente? Notarmos mais nossas respirações? As cores da natureza? Ouvir mais nossos pares, pais, filhos? Dar mais atenção a nós mesmos, à nossa saúde? Colocar em prática aquele sonho? Viver o amor que desejamos e tememos?

Aspiramos pela felicidade, mas parece que quando a vida nos chama a atenção para isso, trememos em nossas bases porque estamos tão acostumados a esperar que "fazer" exige esforço, vontade férrea e acima de tudo decisão própria.

Um comentário:

Arthurius Maximus disse...

Dizem que Deus colocou tomando conta da entrada do Éden dois anjos: O primeiro se chama Desejo e o segundo Medo.
Bastaria que o homem vencesse o desejo e o medo para que retornasse ao Éden.
Seu post demonstra mais ou menos isso. Sabemos que temos que tentar e fazer algo para melhorarmos e evoluírmos, mas o medo da mudança e dos desafios que ela pode trazer, nos mantém inertes e submissos.

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