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quarta-feira, novembro 28, 2007

O sonho e o sonhador

Há sonhos preciosos que jamais tornamos projetos e, então, amargamos, por mais bem-sucedidos que pareçamos ser, ficamos áridos e desérticos.

Esse é o resultado, inexorável, de destinos não cumpridos. É comum dizermos que não realizamos nossos maiores sonhos por falta de oportunidade, de dinheiro ou de estímulo.

Porque estávamos comprometidos até a raiz dos cabelos com coisas que não poderíamos abandonar.... Por medo de correr riscos.....

Também não realizamos nossos sonhos porque entramos numa vida em que eles não cabem mais. Ou porque concordamos com a opinião daqueles com quem convivemos, de que eles são bobos, infantis, sem futuro.

A tendência usual é sepultarmos o nosso “eu” que nos envergonha num passado inacessível. Tarefa para o esquecimento. Um jeito de nos negarmos um lugar no mundo.

No entanto, foi esse “eu”, que recusamos, que sonhou os nossos sonhos mais preciosos.

Só ele sabe o que sonhamos um dia. Portanto se afastamos o sonhador, perdemos seus sonhos e nos divorciamos de nós mesmos.


Paulo Castro (Folha de São Paulo)

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