Desde meus quase 10 anos eu ouço o Martinho da Vila com seu "samba de primeira".
Naquela época, em plena ditadura, a vida "era bela" para uma alma ainda criança.
O poeta da Vila Isabel lançava seu álbum "Canta, canta minha gente" com excelentes músicas que começava com a música tema, passando pelo clássico "Disritimia":
"Eu quero ser exorcizado
Pela água benta
Desse olhar infindo
Que bom
É ser fotografado
Mas pelas retinas
Desses olhos lindos
Me deixe hipnotizado
Prá acabar de vez
Com essa disritmia..."
E terminava com o maravilhoso toque de atabaques da faixa "Festa de Umbanda".
Martinho sempre falou do amor, de maneira direta e expressando que cada coração sentia quando um amor começava:
"O amor chegou
Como água que desce da montanha
Provocando uma erosão tamanha
Desaguou e fez onda no meu mar
Se agigantou
Como o samba que arrasta a minha escola
Com a força que tem uma canção
Que o povo mais gosta de sambar
Quem foi que disse que amar é tolice?
Não é, não
Sensação bem maior do que se pensa
irreverente ao marcar sua presença
Vai e vem
Nas marés de muitos tons
Tolo é quem não viaja
Nas ondas e nos sons
Do amor que vem
O amor chegou. . ."
(Quem Foi Que Disse?
Martinho da VilaComposição: Martinho da Vila / Zé Catimba)
Ou na incrível e destrutiva sensação do vácuo quando um amor terminava:
"Sempre sonhamos
Com o mais eterno amor
Infelizmente
Eu lamento mas não deu
Nos desgastamos
Transformando tudo em dor
Mas mesmo assim
Eu acredito que valeu
Quando a saudade bate forte
É envolvente
Eu me possuo
E é na tua intenção
Com a minha cuca
Naqueles momentos quentes
Em que se acelerava meu coração"
(Ex-Amor - Martinho da Vila)
E, se seguirmos o conselho do "velho" Martinho que, com sua música nos põe pra cima, vamos cantando:
Canta Canta, Minha Gente
Deixa a tristeza pra lá
Canta forte, canta alto
Que a vida vai melhorar
Que a vida vai melhorar
Que a vida vai melhorar
Que a vida vai melhorar
Que a vida vai melhorar...