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sexta-feira, março 14, 2008

Abismo de Rosas

Saudades de meu avô Vicente...


Em minha infância ele executava com maestria, em seu violão, a música "Abismo de Rosas" do grande violonista Canhoto.


A música me parecia tão bela quanto melancólica. Triste a sua melodia.


Todas as vezes que eu a ouço (depois de tanto procurá-la pela internet para baixá-la), lembro-me de meu avô que já partiu e de minha infância tão marcada de coisas boas e ruins.


Descobri, recentemente, a história do autor e sua composição.



Canhoto tinha apenas 16 anos quando compôs "Abismo de Rosas", em 1905.
A composição era um desabafo a uma decepção amorosa, pois o autor acabara de ser abandonado pela namorada, filha de um escravo.

Canhoto realizou três gravações desta valsa: a primeira, com o nome de "Acordes do Violão", lançada no disco Odeon número 121249, em meados de 1916; a segunda, já como "Abismo de Rosas", no disco Odeon 122932, em 1925; e, finalmente, a terceira no disco Odeon 10021- a que fazia parte do suplemento de agosto de 1927, um dos primeiros da era da gravação elétrica no Brasil. Garoto (no solo de violão)

"Abismo de Rosas" é considerada o hino nacional do violão brasileiro pelo professor Ronoel Simões, uma autoridade no assunto.


Abismo de rosas (valsa, 1925) - Canhoto/Letra de João do Sul

Ao amor em vão fugir procurei

Pois tu breve me fizeste ouvir

Tua voz, mentira deliciosa

E hoje é meu ideal

Um abismo de rosas
Onde a sonhar eu devo, enfim, sofrer e amar !

Mas hoje que importa se tu'alma é fria?
Meu coração se conforta

Na tua própria agonia

Se há no meu rosto

Um rir de ventura
Que importa o mudo desgosto

De minha dor assim, sem fim

Se minha esperança

O que não se alcança Sonhou buscar?
Devo calar hoje, meu sofrer

E jamais dele te dizer o amor se é puro

Suporta obscuro

Quase a sorrir

A dor de ver

A mais linda ilusão morrer.
Humilde, bem vês que vou,

A teus pés levar, meu coração

Que jurou,

Sempre ser, amigo e dedicado
Tenha, embora, que viver,

Neste sonho enganado,

Jamais direi,

Que assim vivi, porque te amei !

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